Decidi escrever este texto para compartilhar um pouco da minha experiência, mas, mais do que isso, para provocar reflexão. Afinal, quando deixamos de falar sobre o que incomoda, damos espaço para que o problema cresça em silêncio.
Meu contato com a violência escolar
Lembro bem de quando comecei a perceber que a escola, que deveria ser um espaço de aprendizado e acolhimento, podia também ser um lugar de medo.
Houve dias em que colegas foram agredidos verbal ou fisicamente, outros em que ameaças pairavam nos corredores, e vários em que o silêncio imperava por vergonha ou receio de represálias.
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Eu, como tantos outros, achava que aquilo fazia parte da rotina. Um "algo normal", como se a escola não fosse responsável por promover segurança. Anos depois, entendi que esse pensamento é exatamente o que precisamos desconstruir.
Um breve histórico da violência escolar
A violência escolar, infelizmente, não é um fenômeno recente. Ela vem sendo registrada ao longo de décadas, em diferentes contextos sociais e países. Segundo especialistas um dos fatores contribuintes são as famílias disfuncionais.
No Brasil, os primeiros estudos mais profundos sobre o tema começaram a ganhar espaço nos anos 1990, com foco no bullying, nas relações de poder dentro do ambiente escolar e nos fatores sociais que alimentam esse ciclo.
Com o tempo, ampliou-se o entendimento de que a violência escolar não se resume a brigas físicas. Inclui agressões verbais, exclusão social, assédio moral e até violência simbólica. São formas de agressão que impactam diretamente o desempenho e a saúde mental dos alunos e professores.
Como podemos prevenir a violência nas escolas?
Essa é uma pergunta que carrego comigo até hoje. O que fazer, de verdade, para tornar as escolas mais seguras?
Com base no que vivi e no que estudei, algumas ações são essenciais:
1. Educação emocional desde cedo
Ensinar empatia, respeito e controle emocional é fundamental. As escolas precisam incluir essas temáticas no currículo, para que o diálogo se torne parte da cultura escolar.
2. Treinamento para professores e funcionários
Os educadores precisam estar preparados para identificar sinais de violência e saber como agir. Isso inclui não só lidar com os agressores, mas também acolher as vítimas com escuta ativa e orientação adequada.
3. Envolvimento da comunidade escolar
Pais, responsáveis e a comunidade como um todo devem participar das decisões e do acompanhamento dos alunos. A escola isolada não dá conta.
4. Canais seguros de denúncia
É essencial que os estudantes tenham onde e com quem falar. Plataformas anônimas, psicólogos na escola, grupos de apoio – tudo isso pode fazer diferença.
5. Ações preventivas contínuas
Campanhas contra o bullying, rodas de conversa, debates e eventos que promovam o respeito às diferenças precisam ser parte da rotina.
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O que diz a lei sobre violência escolar?
No Brasil, algumas leis foram criadas ou adaptadas para tentar combater a violência nas escolas. Aqui estão as mais relevantes:
- Lei 13.185/2015 – Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying): obriga escolas a adotarem medidas de prevenção e combate ao bullying.
- Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): protege os direitos dos estudantes e prevê penalidades para os responsáveis por atos de violência.
- Lei 14.164/2021: torna obrigatória a inclusão de conteúdo sobre prevenção à violência contra a mulher nos currículos da educação básica, o que também ajuda na construção de ambientes mais respeitosos nas escolas.
Essas legislações, no entanto, só funcionam se forem aplicadas com seriedade. Uma lei no papel não basta — é preciso fiscalização e comprometimento real das instituições de ensino.
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Por que estou escrevendo isso?
Porque acredito que o silêncio é cúmplice da violência. Porque entendo que minha história pode ser semelhante à de outras pessoas que ainda não encontraram espaço para falar. E porque, mais do que nunca, precisamos construir escolas onde todos se sintam seguros para aprender, crescer e se expressar.
Este texto é um convite à reflexão, mas também uma convocação para o diálogo. A mudança começa quando falamos sobre o que nos incomoda, quando expomos o que precisa ser transformado.
E você? Já viveu ou presenciou algum tipo de violência na escola? Acha que estamos no caminho certo para combatê-la?
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Professora Camila Teles