Precisamos Falar Sobre Violência Escolar

Oi pessoal, tudo bem? Professora Camila aqui. Hoje senti a necessidade de expor minha preocupação com a violência escolar. 

Recentemente, um jovem de 19 anos no Reino Unido assassinou a própria família e planejava um ataque à sua antiga escola. 

Ele foi detido antes de conseguir executar seu plano, mas a frieza e a preparação desse crime mostram o quanto a violência escolar tem se tornado um problema global.

Infelizmente, essa realidade não está distante de nós. No Brasil, os casos de violência dentro das escolas aumentaram nos últimos anos. 

Segundo o Disque 100, entre janeiro e setembro de 2023, houve um crescimento de quase 50% nas denúncias relacionadas à violência escolar, passando de 20.605 para 50.186 ocorrências. 

Além disso, um estudo do Instituto DataSenado revelou que 6,7 milhões de estudantes sofreram algum tipo de violência no ambiente escolar nos últimos 12 meses.

Esses números são assustadores e mostram que esse problema precisa ser tratado com seriedade. Mas o que pode ser feito para evitar novas tragédias?

Casos de Violência Escolar no Brasil e no Mundo

Todos os anos, novos episódios de violência em escolas chocam a sociedade. Alguns dos casos mais emblemáticos incluem:

Brasil

• Massacre de Suzano (2019): Dois ex-alunos invadiram a Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), e assassinaram cinco estudantes e dois funcionários.
• Ataque em Blumenau (2023): Um homem invadiu uma creche e matou quatro crianças.
• Escola Estadual Thomazia Montoro (2023): Um aluno de 13 anos esfaqueou e matou uma professora dentro da sala de aula.

Mundo

• Massacre de Columbine (1999 – EUA): Dois estudantes armados mataram 13 pessoas e deixaram 24 feridos.
• Ataque em Sandy Hook (2012 – EUA): Um atirador matou 20 crianças e seis adultos em uma escola primária.
• Uvalde, Texas (2022 – EUA): Um jovem de 18 anos matou 21 pessoas, incluindo 19 crianças, dentro de uma escola.

Esses casos mostram que a violência escolar é um problema global. Mas no Brasil, além do medo da violência, enfrentamos outro desafio: a falta de suporte para professores e escolas lidarem com esse tipo de situação.

Professores e a Violência Escolar; Quem nos protege?

No Brasil, os alunos possuem amparo legal por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), da Constituição Federal e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Mas e os professores? Quem nos protege quando enfrentamos ameaças dentro da sala de aula?

A Constituição Federal (Art. 205) estabelece que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família. Já a LDB (Lei 9.394/96) determina que a escola deve garantir um ambiente seguro para alunos e profissionais da educação.

No entanto, na prática, muitas vezes os professores ficam desamparados. Casos de agressões verbais e físicas contra docentes são comuns, e há poucos mecanismos para garantir que o professor tenha apoio jurídico ou psicológico quando enfrenta ameaças.

Precisamos urgentemente de políticas que protejam não apenas os estudantes, mas também os educadores, pois são eles que estão na linha de frente, lidando diretamente com esses conflitos.

É Possível Investir em Segurança nas Escolas com pouca ou nehuma verba? 

Falar sobre segurança escolar em um país onde as escolas mal têm dinheiro para a merenda dos alunos parece um desafio impossível.

Sou professora efetiva na rede pública de um pequeno município do interior de São Paulo. Lá, temos livros didáticos do PNLD, mas o acesso a equipamentos tecnológicos é extremamente limitado. A sala de informática, por exemplo, está praticamente inutilizável, a escola está sem funcionário para esse cargo.

No verão, a situação se agrava ainda mais: poucas salas possuem ventiladores funcionando, e, em uma região quente, o correto seria termos ar-condicionado em todas as salas para melhorar o ambiente de aprendizado.

Outro problema é a falta de infraestrutura tecnológica. Temos apenas três televisões para toda a escola, e somente os professores que possuem notebook próprio conseguem passar vídeos ou documentários para enriquecer as aulas.

Se não há investimento nem para o básico, como podemos esperar que haja dinheiro para segurança? Enquanto verbas são desviadas e prioridades são mal gerenciadas, os professores e alunos ficam vulneráveis à violência dentro das escolas.

Quais Soluções Podem Ser Implementadas?

Diante desse cenário, algumas medidas poderiam ser adotadas para reduzir a violência escolar e melhorar a segurança nas escolas:

1. Investimento em Saúde Mental

• Psicólogos e assistentes sociais dentro das escolas para identificar alunos em risco e oferecer apoio antes que situações de violência aconteçam.
• Programas de acolhimento para alunos que demonstram sinais de isolamento ou comportamento agressivo.

2. Prevenção ao Bullying

• Treinamento para professores identificarem e lidarem com situações de bullying.
• Campanhas de conscientização sobre o impacto negativo do bullying na vida dos alunos.

3. Apoio Jurídico para Professores

• Criação de leis mais claras para garantir que os professores tenham respaldo diante de ameaças e agressões.
• Maior fiscalização para evitar que docentes sejam responsabilizados por situações em que foram vítimas.

4. Treinamento para Funcionários

• Cursos e capacitações para que professores e gestores escolares saibam como agir diante de situações de violência.
• Simulações de evacuação e protocolos de emergência em parceria com a polícia e órgãos de segurança.

5. Fiscalização do Uso das Verbas da Educação

• Transparência na aplicação dos recursos destinados à infraestrutura e segurança das escolas.
• Combate ao desvio de verbas que deveriam ser usadas para melhorar o ambiente escolar.

Precisamos Falar Sobre Violência Escolar

A violência escolar é um problema grave e complexo, mas precisa ser discutido com seriedade. Como professores, não podemos carregar essa responsabilidade sozinhos. Precisamos de políticas públicas eficientes, estrutura adequada e um olhar atento para a saúde mental dos alunos e dos educadores.

E você, já passou por alguma situação de violência na escola? Acha que a sua escola está preparada para lidar com esse problema? 

Compartilhe sua experiência nos comentários e ajude a ampliar esse debate tão necessário.

Gratidão!

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