Desvendando a Persistência de Putin


Por Kremlin.ru, CC BY 4.0, https://commons.wikimedia.org


Diante dos fatos recentes, sinto-me na obrigação de reflexão sobre certos comportamentos de Vladimir Putin, especialmente no que tange à sua política interna e externa, que geram questionamentos. 

Nos últimos anos, a relação de Putin com o Ocidente e, mais diretamente, com a Ucrânia, colocou a Rússia no centro das atenções globais. 

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Desde a anexação da Crimeia em 2014, passando pelo apoio às regiões separatistas no leste da Ucrânia, até a invasão de grande escala da Ucrânia em fevereiro de 2022, a postura russa tem sido caracterizada por uma agressividade que muitos provocam uma tentativa de restabelecer a influência perdida da antiga União Soviética.

O conflito na Ucrânia, que inicialmente parecia ser uma campanha militar rápida, revelou-se uma guerra prolongada e devastadora, com milhares de vidas perdidas e milhões de deslocados. 

Putin, ao buscar desestabilizar a Ucrânia e fortalecer o controle sobre áreas estratégicas, enfrentará uma resistência militar inesperada, além do apoio ocidental sólido ao governo ucraniano. 

Sanções econômicas severas foram impostas à Rússia, e o isolamento diplomático do país aumentou, mas, apesar dessas pressões, o regime de Putin se mostrou extremamente resiliênte. 

Internamente, Putin reforçou o seu poder, reprimindo qualquer forma de oposição. As eleições aconteceram, para muitos observadores, uma formalidade, e instituições políticas que poderiam servir como freios ao poder presidencial foram esvaziadas. 

O Parlamento e governos regionais perderam a influência, enquanto órgãos de segurança e conselhos não eleitos ganharam destaque, consolidando o poder do

A resiliência de Putin, mesmo diante das crises internas, como a rebelião do Grupo Wagner e as críticas sobre a condução da guerra, levanta questões sobre os limites desse controle.

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 Até que ponto essa centralização de poder poderá se sustentar, diante de tantos desafios externos e internos?  

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A Centralização do Poder em Putin 

A Rússia, sob a liderança de Putin, tem visto uma crescente centralização do poder nas mãos de um único homem. 

As instituições políticas tradicionais parecem relegadas a papéis secundários em uma hierarquia autoritária. 

À medida que o conflito na Ucrânia entra em seu terceiro ano, fica evidente que as eleições funcionam mais como uma demonstração de lealdade do que como um processo democrático genuíno. 

Instituições que deveriam representar a voz do povo, como o Parlamento e os governos regionais, foram marginalizadas. Em seu lugar, agências de segurança e conselhos não eleitos, como o Conselho de Segurança, ganharam proeminência, servindo como uma espécie de corte ao redor de Putin. 

Essa estrutura levanta questões sobre a falta de mecanismos para conter possíveis decisões arbitrárias do líder russo. 



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A  Aparente Fragilidade Versus Persistência. 

É comum, especialmente no Ocidente, considerar que um sistema tão centralizado seria inerentemente frágil, a um passo de colapsar diante de decisões ruins ou crises inesperadas. No entanto, os eventos dos últimos dois anos sugerem o contrário. 

O regime de Putin tem se mostrado mais resiliente do que muitos previam. Desde o início da guerra na Ucrânia, o Kremlin enfrentou várias oportunidades para sucumbir: disputas políticas sobre a condução do conflito, a rebelião armada liderada por Yevgeny Prigozhin e, mais recentemente, uma delicada reorganização das elites políticas e militares. 

Em cada um desses desafios, o regime não apenas sobreviveu, mas também demonstrou capacidade de adaptação. 

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As Tensões Internas e a Capacidade de Adaptação de Putin  

Um dos primeiros testes foi o fracasso em obter uma vitória rápida na Ucrânia. A resistência ucraniana, combinada com o apoio ocidental, frustrou os objetivos iniciais de Moscou. 

Isso gerou descontentamento entre correspondentes de guerra e comentaristas russos pró-guerra, que começaram a criticar publicamente a eficácia do esforço militar e a competência da liderança. 

Ao invés de reprimir essas vozes, o Kremlin optou por cooptá-las. Putin reuniu-se com esses críticos e até estabeleceu um grupo de trabalho para abrir canais de diálogo. 

Essa estratégia neutralizou potenciais opositores e permitiu ao governo ajustar suas táticas militares, como a nomeação temporária do general Sergey Surovikin para liderar as tropas na Ucrânia.

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 A Rebelião de Prigozhin e a Resposta do Kremlin 

Outro desafio significativo foi a rebelião armada liderada por Yevgeny Prigozhin, chefe do Grupo Wagner, uma organização paramilitar. 

Prigozhin criticou abertamente a liderança militar russa e, em seguida, lançou uma marcha em direção a Moscou, exigindo mudanças no alto

A resposta do Kremlin foi estratégica. Em vez de confrontar diretamente Prigozhin, negociou-se um acordo que interrompeu a rebelião, transferindo as forças do Wagner para Belarus. 

Meses depois, a morte de Prigozhin em um acidente de avião encerrou definitivamente a ameaça, com o Kremlin redistribuindo os recursos do Wagner entre agências mais leais. 

Reorganização das Elites e Consolidação do Poder

Após esses eventos, Putin iniciou uma reorganização cuidadosa das elites políticas e militares. Mudanças no Ministério da Defesa, incluindo a substituição do ministro Sergey Shoigu, foram realizadas de maneira a evitar agitações internas. 

Essa reorganização reforçou a hierarquia autoritária e reafirmou a posição de Putin no topo do sistema político russo. 

Questionamentos e Reflexões 

Diante dessa capacidade de adaptação e resiliência, surge a pergunta: até que ponto esse sistema é sustentável? Embora o regime tenha demonstrado força, não é invencível.

 Desafios futuros, como dificuldades econômicas, fadiga da guerra entre a população e questões sobre a sucessão política, podem testar os limites dessa resiliência. 

Como analista geopolítica, me pergunto sobre os posicionamentos de Putin e as implicações para o futuro da Rússia e da ordem internacional. 

Sua estratégia de centralização do poder, embora eficaz a curto prazo, pode levar a uma rigidez que dificulta respostas a crises inesperadas. 

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A Dualidade do Conflito

A situação na Rússia nos traz reflexões importantes. Por um lado, Putin mantém um controle firme e uma aparente estabilidade, mesmo diante de crises internas e desafios externos. No entanto, essa centralização extrema pode estar plantando as sementes de fragilidades futuras. 

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Quanto mais o poder se concentrar nas mãos de uma única pessoa, maior é o risco de colapso quando não há espaço para vozes dissidentes ou para mecanismos de controle

A longo prazo, esse equilíbrio de poder pode se tornar insustentável. A falta de participação democrática e a repressão de críticas internacionais não apenas limitam a diversidade de opiniões, mas também sufocam soluções possíveis para os problemas que surgem. 

Será que esse sistema conseguirá se adaptar a novos desafios sem que ocorra um desgaste irreversível?

É possível que o modelo de liderança de Putin, até agora resistente, comece a mostrar sinais de fragilidade à medida que a guerra na Ucrânia continua e a economia russa enfrenta as consequências das avaliações internacionais. 

A dualidade presente neste contexto é intrigante. Por um lado, vemos um regime que consegue manter estabilidade interna e controlar desafios significativos. 

Por outro, essa mesma centralização pode ser a fonte de futuras fragilidades, especialmente se não houver espaço para vozes divergentes e mecanismos de controle. 

Essa situação levanta questões sobre a natureza do poder e da liderança em sistemas autoritários. 

Até que ponto a resiliência de um líder está alinhada com os interesses de um país? 

E quais são as consequências para a população quando a estabilidade é mantida à custa da participação democrática?

Como a população russa lidará com os impactos de uma guerra prolongada? 

Será que as elites, que até agora se mantiveram leais, começarão a questionar a liderança? 

E se Putin sair do poder, quem assumirá seu lugar e como será prorrogado o processo de sucessão

Essas questões nos ajudam a entender o futuro da Rússia e seu papel no mundo. O regime de Putin ainda terá o controle da situação? 

Ou estamos à beira de uma grande mudança no cenário político russo?

E você, o que você acha? Putin manterá sua liderança ou novos desafios poderão enfraquecer seu regime? 

Participe do debate nos comentários.  

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