O Segredo das Aulas de Geografia Que Funcionam Para Alunos com TEA

adaptação atividade alunos com autismo

Oi, professor(a)! Hoje vamos falar sobre adaptação curricular de geografia para alunos com autismo. 

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Eu sei que pode ser exaustivo tentar equilibrar o cumprimento do currículo com as necessidades tão particulares de cada estudante no espectro autista. 

Muitas vezes, a falta de formação específica, o excesso de burocracia e a pressão por resultados imediatos fazem você se sentir perdido(a) ou até incapaz de promover uma aprendizagem significativa.

Talvez você já tenha passado pela situação de planejar uma aula inteira e, na prática, perceber que aquele material não funcionou. 

O aluno não se engajou, ficou ansioso ou simplesmente não conseguiu acompanhar o raciocínio. Essas frustrações minam nossa confiança e colocam em xeque nossa vocação.

Mas não precisa ser assim. Quando compreendemos que a adaptação curricular não é um favor, mas um direito respaldado por leis como a Lei Brasileira de Inclusão, percebemos que é possível transformar obstáculos em oportunidades pedagógicas.

Hoje, quero compartilhar algumas estratégias concretas que aplico no ensino de Geografia. 

Minha proposta é mostrar que, com planejamento individualizado e uso de recursos acessíveis, podemos criar experiências de aprendizagem inclusivas que respeitam cada estudante e valorizam suas potencialidades. Vamos começar!

Compreendendo o Perfil do Aluno com Autismo

Em minha experiência como professora de Geografia, percebi que a chave para adaptar atividades para alunos no espectro autista é compreender suas necessidades específicas. 

No processo de análise do estudante, é essencial identificar se há comprometimento cognitivo, pois isso direciona como planejar as estratégias pedagógicas. 

A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) reforçam a importância de oferecer um ensino acessível, garantindo que todos os alunos tenham direito a uma educação de qualidade.

Por isso, ao conhecer o perfil cognitivo e sensorial do aluno, consigo adaptar o conteúdo de Geografia para torná-lo mais acessível e significativo. 

Essa análise é feita em conjunto com a equipe pedagógica e os responsáveis pelo aluno, garantindo que o Plano Educacional Individualizado (PEI) seja efetivo e alinhado às necessidades do estudante.

Utilização de Materiais Concretos e Sensoriais para Alunos com TEA



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Quando penso em adaptar atividades de Geografia, o uso de materiais concretos e sensoriais é uma estratégia que sempre me traz resultados positivos.

Alunos com autismo, em muitos casos, respondem melhor a estímulos tangíveis e visuais. Gosto de utilizar maquetes para representar formas de relevo, por exemplo. 

Uma maquete de montanhas e planícies, que os alunos podem tocar e manipular, torna o aprendizado mais real e compreensível.

Além disso, o uso de kits sensoriais, que incluem diferentes texturas e cores, ajuda a manter o foco do aluno e facilita a assimilação dos conceitos geográficos. 

Aplicativos de realidade aumentada também são ferramentas poderosas, pois permitem que os alunos visualizem o que estão estudando de forma interativa e imersiva. 

Esse tipo de material é especialmente útil para alunos que têm dificuldade em abstrair informações de mapas tradicionais.

Adaptação de Mapas e Materiais Pictóricos para Educação Especial

A adaptação de mapas e a utilização de materiais pictóricos são fundamentais na minha prática. Inclusive, falei sobre mapas pictóricos aqui no blog. Para ler clique aqui.

Alunos no espectro autista frequentemente se beneficiam de recursos visuais claros e bem delineados. 

Gosto de criar mapas pictóricos, que usam símbolos e cores diferenciadas para representar informações geográficas, tornando o conteúdo mais acessível. 

Por exemplo, ao trabalhar com mapas de vegetação, utilizo figuras de árvores e plantas reais, em vez de apenas símbolos abstratos, para que os alunos façam conexões mais diretas com o que estão aprendendo. 

A inclusão de legendas simplificadas e cores contrastantes ajuda a evitar a sobrecarga sensorial e facilita a interpretação do mapa. 

Esse tipo de material é planejado com cuidado, sempre levando em consideração as diretrizes do PEI e as necessidades específicas do aluno, conforme determinado em reuniões com a equipe da sala de recursos multifuncional.

PEI Como ferramenta de suporte e planejamento 

O Plano Educacional Individualizado (PEI) é uma ferramenta fundamental para garantir a inclusão de alunos com necessidades educacionais específicas, como aqueles no espectro autista, no ambiente escolar. 

Ele é embasado pela Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), que assegura a educação inclusiva como um direito de todos, independentemente de suas particularidades.

 O PEI é um documento personalizado que orienta as práticas pedagógicas, considerando as habilidades, dificuldades e potencialidades de cada aluno. 

Ele deve ser elaborado com a colaboração de toda a equipe pedagógica, incluindo professores, coordenadores e profissionais de apoio, além de contar com a participação ativa da família. 

Esse plano orienta o professor a desenvolver estratégias de ensino adaptadas, materiais acessíveis e a ajustar o currículo para atender às necessidades individuais do aluno. 

Para os educadores, é imprescindível conhecer e aplicar o PEI, pois ele não apenas direciona o ensino de forma mais eficaz, mas também assegura que o aluno receba o apoio necessário para desenvolver suas competências e participar plenamente das atividades escolares. 

A implementação do PEI reflete um compromisso com a inclusão e com a promoção de uma educação que respeita e valoriza a diversidade dos alunos.

Identificar potencialidades e dificuldades do aluno com autismo

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Identificar as potencialidades e dificuldades de alunos com espectro autista é essencial para criar um ambiente de aprendizagem inclusivo e eficaz. 

Para isso, o professor deve adotar uma abordagem observacional que vá além do desempenho acadêmico, focando em como o aluno se comporta em diferentes contextos.

Por exemplo, um aluno pode mostrar grande habilidade em atividades que envolvem padrões e lógica, como quebra-cabeças ou cálculos matemáticos, mas ter dificuldades em interações sociais durante atividades em grupo. 

Observar como o aluno lida com essas situações, como transições entre atividades ou momentos de maior estímulo sensorial, pode revelar tanto suas forças quanto suas áreas de desafio.

Manter registros diários é uma prática recomendada, onde o professor pode anotar, por exemplo, que o aluno se engaja profundamente em tarefas que exigem concentração individual, mas se desconcentra facilmente em ambientes barulhentos. 

Esses registros podem incluir detalhes sobre quais tipos de atividades o aluno prefere ou evita, como ele responde a diferentes estímulos sensoriais, e como sua interação com os colegas evolui ao longo do tempo. 

Ferramentas como listas de comportamentos e habilidades podem auxiliar na organização dessas observações.

Colaborar com outros profissionais da escola, como psicólogos e terapeutas ocupacionais, também é fundamental. 

Eles podem oferecer informações sobre o desenvolvimento do aluno, ajudando a identificar, por exemplo, uma habilidade excepcional em memorização visual, mas uma dificuldade em compreender instruções verbais complexas. 

Essas informações são valiosas para adaptar as atividades, de modo a valorizar as habilidades do aluno e fornecer suporte nas áreas em que ele enfrenta mais desafios, promovendo um aprendizado equilibrado e satisfatório.

Relato Pessoal: Adaptando o Currículo de Geografia para alunos com TEA

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Em vários momentos da minha carreira, tive que me reinventar para adaptar o conteúdo para alunos com autismo, deficiência intelectual e outras condições mentais.

No geral, sempre tento reduzir e simplificar termos.

Lembrando que a adaptação é feita com exclusividade para cada caso, ou seja, não tem como eu “padronizar” a forma como vou abordar determinado conteúdo.

Então vamos para a parte prática.

Se eu tenho um aluno com autismo e preciso trabalhar a habilidade EF06GE01, que consiste em comparar modificações das paisagens nos lugares de vivência e os usos desses lugares em diferentes tempos, sabendo que o aluno não desenvolveu a fluidez na leitura, vou trazer imagens do mesmo lugar em tempos diferentes.

Assim, esse estudante pode analisar e identificar as modificações na paisagem.

Outra possibilidade para a mesma habilidade é propor uma atividade prática, onde o aluno pode ser orientado a fotografar paisagens do seu entorno e aprofundar uma pesquisa para saber como esses espaços foram modificados.

Então deu para perceber que não existe uma “fórmula mágica”.

Tudo vai depender das potencialidades do estudante.

E cabe ao professor, juntamente com o professor (a) do AEE, promoverem atividades adaptadas.

símbolo do TEA

Conclusão

Ao longo deste conteúdo, compartilhei como adapto o currículo de Geografia para alunos com autismo, sempre considerando seu perfil cognitivo e sensorial. 

As estratégias, como o uso de materiais concretos, mapas pictóricos e a elaboração do PEI, não só facilitam a compreensão, mas também fortalecem o vínculo entre aluno e conhecimento.

Essa prática não é simples nem linear, mas quando entendemos que cada adaptação tem o poder de transformar a relação do estudante com a escola, ganhamos motivação para persistir.

Se cada professor se comprometer a observar, registrar e reinventar sua prática, estaremos mais próximos de uma educação verdadeiramente inclusiva.

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Acabe com essa tortura clicando aqui.

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