Oi pessoal, tudo bem? Professora Camila aqui, com mais um tema super debatido teoricamente, mas que na prática muitos profissionais (professores) não se apropriaram ainda do conceito e se sentem "desamparados" quando a gestão escolar pede um programa de recomposição de aprendizagem.
A recomposição da aprendizagem tornou-se um tema central no cenário educacional brasileiro, especialmente diante dos desafios impostos pela pandemia e suas consequências para o ensino.
Vou te explicar como as políticas públicas, os resultados de avaliações educacionais e as estratégias implementadas nas escolas estão moldando o futuro da educação no Brasil.
Ao final, vou compartilhar diversas práticas, possíveis de serem aplicadas e monitoradas. Para que você tenha uma visão ampliada da realidade das suas turmas e como conduzir essa tarefa, que realmente não é fácil, mas de extrema urgência.
Como surgiu o termo: "Recomposição da Aprendizagem?"
A expressão "recomposição da aprendizagem" começou a ser amplamente utilizada no Brasil a partir do contexto educacional da pandemia de COVID-19, em 2020.
Embora o conceito de recuperar ou reforçar aprendizagens já existisse há décadas na literatura pedagógica e em práticas educacionais, foi durante esse período de emergência educacional que o termo ganhou destaque e se consolidou como uma terminologia oficial no discurso pedagógico e político.
Historicamente, o Brasil já lidava com a necessidade de intervenções pedagógicas devido a defasagem apresentada, especialmente em razão das desigualdades educacionais estruturais.
No entanto, o termo "recomposição da aprendizagem" apareceu formalmente em documentos oficiais e discursos políticos como uma resposta às perdas educacionais significativas provocadas pelo fechamento prolongado das escolas durante a pandemia.
Um marco importante nesse sentido foi o lançamento do Pacto Nacional pela Recomposição das Aprendizagens, articulado pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com as redes estaduais e municipais de ensino.
Esse pacto reconhecia o impacto severo da pandemia sobre o aprendizado dos alunos e destacava a necessidade de ações coordenadas e urgentes para recuperar os conteúdos que não puderam ser consolidados durante o ensino remoto emergencial.
Embora o termo "recomposição da aprendizagem" tenha ganhado força recentemente, sua essência dialoga com conceitos consolidados na teoria educacional.
A pedagogia crítica, representada por autores como Paulo Freire, já enfatizava a importância de considerar o contexto social dos alunos no processo de aprendizado.
Nesse sentido, a recomposição da aprendizagem pode ser vista como uma forma de "reparar" os danos educacionais provocados por fatores externos, respeitando a individualidade e o contexto de cada estudante.
Além disso, o termo se alinha com práticas de recuperação de estudos, amplamente reconhecidas em legislações e diretrizes, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
Na LDB já está prevista a necessidade de mecanismos de recuperação para garantir a progressão dos alunos e a equidade no ensino.
A pandemia acentuou desigualdades existentes no sistema educacional brasileiro, gerando uma crise sem precedentes na aprendizagem.
Estudos como os realizados pelo Banco Mundial e pela UNICEF alertaram para os "anos perdidos" da educação, destacando que os alunos mais vulneráveis foram os mais afetados.
O uso do termo "recomposição" reflete essa necessidade de um esforço coletivo e estratégico com o objetivo de recuperar conteúdos e reconstruir os processos de ensino-aprendizagem.
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Porque a recomposição da Aprendizagem é tão importante?
O desempenho dos estudantes da rede estadual de São Paulo registrou queda em 2023, conforme apontam os resultados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp).
A média dos alunos do 6º ao 9º ano caiu 10 pontos em língua portuguesa e 2 pontos em matemática em comparação com o ano anterior, alcançando os piores resultados da última década.
Em língua portuguesa, a média foi de 234,4 pontos, enquanto em 2022 havia sido de 244,2. Em matemática, a média foi de 246,3, uma redução em relação aos 248,6 registrados no ano anterior.
Esses números são ainda mais preocupantes quando comparados a 2021, durante o ensino remoto na pandemia, que já apresentava dificuldades significativas.
Pela primeira vez, o Saresp avaliou todas as turmas dos anos finais do ensino fundamental e das séries do ensino médio, por meio do recém-implementado Provão Paulista Seriado.
Além de língua portuguesa e matemática, foram avaliados outros componentes curriculares, como história, geografia, ciências e filosofia. O objetivo é fornecer uma visão mais abrangente do desempenho dos estudantes.
Outra novidade foi a implementação de um boletim com resultados detalhados por escola e disciplina, atribuindo notas de 0 a 10 para facilitar a análise de cada unidade escolar.
Especialistas avaliam que a queda no desempenho é resultado de uma recomposição de aprendizagem insuficiente no período pós-pandemia.
Para Priscila Cruz, presidente do movimento Todos pela Educação, a falta de políticas consistentes e a descontinuidade de ações, como a expansão da educação integral, contribuíram para os resultados negativos.
Fernando Cássio, professor da Faculdade de Educação da USP, critica o foco excessivo em avaliações padronizadas, que, segundo ele, reduzem a autonomia pedagógica dos professores. "Essas tabelas transformam o processo educativo em um treinamento direcionado, o que não representa uma educação de qualidade", afirma.
Apesar das quedas no ensino fundamental final e médio, houve melhorias nos primeiros anos. No 5º ano, a média em língua portuguesa subiu de 197 para 200,7, e em matemática, de 211,3 para 215,3. No 2º ano, também houve avanços em língua portuguesa, passando de 169,4 para 174,7, embora a matemática tenha registrado leve queda, de 175,2 para 167,2.
Em resposta aos resultados, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo afirmou estar implementando mudanças significativas, como a introdução de materiais digitais, novas plataformas de ensino, formação continuada para professores e melhorias na infraestrutura escolar.
Além disso, anunciou a criação da disciplina de orientação de estudos para combater as defasagens diagnosticadas.
Para reforçar o corpo docente, o governo planeja convocar 15 mil novos professores aprovados no último concurso do estado de São Paulo em 2023.
Embora os desafios sejam grandes, essas medidas indicam um esforço para reverter os índices de aprendizado e melhorar o desempenho da rede estadual nos próximos anos.
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O Pacto Nacional pela Recomposição das Aprendizagens
O Pacto Nacional pela Recomposição das Aprendizagens é uma iniciativa articulada pelo governo brasileiro para enfrentar os desafios educacionais intensificados pela pandemia da Covid-19.
O contexto de sua criação foi marcado
por uma crise de aprendizagem sem precedentes, evidenciada por altos índices de
defasagem escolar e aumento da evasão nas escolas públicas.
O pacto promove a colaboração entre União, estados e municípios, com suporte técnico e financeiro do Ministério da Educação (MEC), buscando atender às necessidades educacionais específicas de cada região.
O objetivo central é
garantir a equidade no acesso ao ensino de qualidade, respeitando as
particularidades locais e assegurando que nenhum estudante seja deixado para
trás.
Na prática, uma das primeiras etapas do pacto consiste na realização de diagnósticos detalhados para identificar as lacunas no aprendizado.
Com base
nesses dados, as redes de ensino elaboram planos pedagógicos que priorizam
áreas críticas como leitura, escrita e raciocínio lógico, em conformidade com a
Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Além disso, o pacto inclui a formação continuada de professores, capacitando-os para aplicar metodologias que favoreçam a recomposição das aprendizagens, como o uso de tecnologias educacionais e estratégias individualizadas.
O suporte técnico é complementado por materiais pedagógicos alinhados aos objetivos do pacto.
O financiamento das ações é garantido por programas como o Fundeb, enquanto parcerias com instituições privadas e organizações não governamentais ajudam a ampliar o alcance das iniciativas.
O progresso das ações é monitorado por
indicadores como frequência escolar, desempenho em avaliações e taxa de
aprovação, permitindo ajustes contínuos nos planos pedagógicos.
O Pacto Nacional pela Recomposição das Aprendizagens representa um esforço
significativo para transformar lacunas educacionais em oportunidades de
aprendizado, promovendo melhorias no sistema educacional brasileiro a longo
prazo.
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Como Fazer na Prática a Recomposição da Aprendizagem?
A recomposição da aprendizagem é uma tarefa urgente no contexto atual da educação, especialmente após os desafios enfrentados nos últimos anos.
Ela demanda planejamento, estratégias bem definidas e ferramentas que permitam acompanhar o progresso dos alunos. Para isso, é necessário ir além do diagnóstico inicial, aplicando práticas concretas no cotidiano escolar.
O primeiro passo é utilizar instrumentos avaliativos diagnósticos variados para captar diferentes aspectos da aprendizagem.
Provas escritas são úteis, mas também é importante propor atividades práticas, como resolução de problemas, mapas conceituais ou discussões, permitindo identificar defasagens de maneira mais ampla.
Após identificar as dificuldades, organize um plano de ação focado nas habilidades essenciais, que sustentam o aprendizado contínuo.
Os instrumentos de avaliação devem acompanhar o processo. Portfólios individuais são úteis para registrar a evolução do aluno, incluindo exercícios, redações e auto avaliações.
Criar registros regulares, como diários de classe ou planilhas, ajuda a monitorar o desempenho e a ajustar o planejamento conforme necessário.
O acompanhamento individualizado, sempre que possível, faz a diferença. Dividir os alunos em pequenos grupos com necessidades similares e oferecer atividades específicas pode ser uma solução prática.
O uso de tecnologias educacionais complementa essas estratégias. Plataformas digitais permitem trilhas de aprendizagem personalizadas e devolutivas rápidas. Aplicativos que gamificam o aprendizado tornam o processo mais envolvente e divertido.
Incluir as famílias no processo é essencial. Compartilhar objetivos e resultados com os responsáveis cria uma rede de apoio ao aluno e fortalece o aprendizado dentro e fora da escola.
A revista Nova Escola, promoveu um debate no youtube no qual eu já assisti e recomento, pois realmente a parte prática é a mais complexa de ser executadas. Assista:
Projeções Futuras da Recomposição da Aprendizagem; O que vem pela frente?
As práticas de recomposição da aprendizagem têm gerado expectativas em relação aos resultados futuros.
Projeções indicam que, quando bem estruturadas, essas práticas podem reduzir a defasagem de aprendizado, especialmente entre os alunos mais afetados pelas interrupções educacionais recentes.
No entanto, há preocupações de que os resultados sejam desiguais, refletindo disparidades no sistema educacional.
Redes de ensino com menos recursos enfrentam desafios para implementar práticas eficazes, o que pode limitar os benefícios para determinados grupos de alunos.
A recomposição bem-sucedida depende de fatores como formação continuada dos professores, infraestrutura adequada e engajamento das famílias.
Além disso, requer mudanças estruturais no currículo e nas avaliações, integrando essas estratégias ao cotidiano escolar para promover um aprendizado mais significativo.
Para os professores, o desafio é equilibrar as demandas imediatas com o planejamento de estratégias de longo prazo.
Isso exige reflexão constante sobre o impacto das práticas adotadas e ajustes baseados em evidências concretas.
Assim, a recomposição da aprendizagem pode ir além de responder a crises passadas e se consolidar como uma estratégia eficaz para um sistema educacional mais justo e eficiente.
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Conclusão
Fico muito feliz que você chegou ao final desse texto. Sabemos o quando é urgente a nossa atuação como educadores. E também sabemos que sem respaldo técnico, não é possível fazer "milagre".
A reflexão constante e a adaptação às realidades escolares são fundamentais para transformar os desafios em oportunidades.
Agora reflita, sobre como essas práticas podem ser aplicadas no seu contexto?
Gratidão!
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Professora Camila Teles