Foto de Yan Krukau |
Suas aulas de Geografia parecem monótonas e sem graça? Você sente que seus alunos não se interessam pelos temas abordados ou que enxergam a disciplina como algo distante da realidade deles? Você mesmo olha para o livro didático e sente a "tristeza" do aluno?
Se sua resposta foi sim para ao menos uma das perguntas acima, você precisa ler esse texto. Eu entendo bem essa frustração.
Durante anos, passei pelas mesmas dificuldades: alunos desconectados, baixa participação e um sentimento constante de que precisava inovar, mas não sabia por onde começar.
Aliás, o meu próprio blog, "Ensinar Geografia", surgiu dessa minha busca por novas metodologias de ensino.
Se você se identificou com essa situação, fique tranquilo (a). Vou compartilhar com você algumas estratégias de como aplicar atividades com metodologias ativas no ensino de geografia.
Teatro como Forma de Aprendizagem
Veja bem, o teatro é uma ferramenta interessante e versátil para tornar os temas de Geografia mais atraentes e significativos.
O teatro na escola é uma abordagem pouco utilizada, mesmo para os professores de educação artística ou língua portuguesa, a maioria dos professores não adotam essa prática.
Eu imagino que deve ser pela aparente dificuldade de execução. Mas te digo que vale muito a pena investir nessa didática. Mas vamos aos exemplos práticos em que o teatro pode ser um grande aliado no processo de aprendizagem de temas complexos ou "desinteressantes" para os estudantes.
Temas para Trabalhar com o Teatro na Geografia
- Acontecimentos históricos, como as guerras mundiais ou a colonização;
- A dinâmica de negociações diplomáticas na geopolítica;
- O funcionamento de uma bolsa de valores, com base em fluxos econômicos e financeiros.
- Simulação de exportação e importação de produtos entre países.
- Simulação de acordo de paz.
- O movimento dos refugiados e a busca por asilo em diferentes países;
- A divisão de territórios e a criação de novas nações;
- O funcionamento de uma ONU fictícia e a tomada de decisões importantes;
- A vida nas regiões polares e os desafios climáticos;
- A criação de políticas de preservação ambiental;
- A urbanização e os problemas habitacionais;
- A formação de movimentos sociais por direitos territoriais;
- A dinâmica das migrações internas e externas;
- A evolução das comunicações globais;
- A trajetória de pandemias e suas repercussões espaciais;
- A construção de um país a partir de diferentes culturas imigrantes;
- As rotas comerciais e a distribuição global de mercadorias;
- A colonização das Américas e o encontro entre povos indígenas e europeus;
- A construção de barragens e seus impactos sociais e ambientais;
- O cotidiano das sociedades feudais e sua organização econômica.
Então, chegamos ao fim das opções para usar o teatro como metodologia de aprendizagem? É claro que não! Você professor ou professora tem autonomia para transformar seu conteúdo curricular em uma peça teatral. Comece já!
Coloque sua turma como protagonista do seu próprio aprendizado. Comece com temas mais simples e depois avance para os temas mais complexos, como por exemplo, um acordo de paz entre Israel e Palestina, claro que alinhando sempre a habilidade da BNCC que você esteja trabalhando em sala de aula.
Você pode aproveitar e convidar professores de outras disciplinas para desenvolver um trabalho multidisciplinar. Tenho certeza que vai ser um sucesso!
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Ensino Híbrido: Conectando o Online ao Presencial
Pensa comigo: e se você pudesse combinar as vantagens das aulas presenciais com os recursos da internet? O ensino híbrido faz exatamente isso. O conceito de ensino híbrido é amplo e pode dar margens para diversas interpretações. Segundo Lilian Bacich:
O Ensino Híbrido está inserido no bojo das metodologias ativas, uma vez que pressupõe o protagonismo do estudante em seu processo de construção de conhecimento, mediado pelos pares, pelos professores, pelas tecnologias digitais.
A partir dessa conceito básico, nós professores temos que nos apropriar cada vez mais dessas metodologias, uma vez que a educação mediada por tecnologia já é uma realidade no Brasil e no mundo.
Não vamos confundir aqui, ensino híbrido com uma simples pesquisa que foi passada como lição de casa. O ensino híbrido pode acontecer dentro da própria escola, quando mediado por aplicativos, sites e outras ferramentas educacionais sob o olhar do professor. Então vamos para um exemplo simples e prático.
Ao trabalhar representação do espaço geográfico através da cartografia, você pode por exemplo, levar seus alunos para a sala de informática e fazer o que eu chamo de "Volta ao Mundo em Duas Aulas".
Divida os estudantes em grupos e proponha uma viagem pelo google earth. Dependendo do conteúdo que você esteja trabalhando, os alunos podem procurar por paisagens, monumentos, áreas de plantio, áreas de desmatamento, áreas de preservação ambiental, entre outros tantos temas que são representados pela cartografia.
Dessa forma os estudantes terão a oportunidade de buscar literalmente o conteúdo trabalhado em sala de aula.
Produção de Podcasts
Agora vou te mostrar uma ideia que fez muito sucesso com meus alunos, principalmente no período da pandemia de covid-19. Escolhi o PodCast como produto final de um determinado conteúdo.
O podcast é uma linguagem interessante e relativamente nova na sala de aulas. Essa produção coloca o estudante como um ávido pesquisador do conteúdo proposto. Afinal de contas ele (estudante) precisa dominar o assunto para gravar o podcast.
Durante o processo de produção, os estudantes terão a oportunidade de usar ferramentas de áudio, praticar habilidades de comunicação, fazer pesquisas detalhadas em diversas fontes e sobretudo, autonomia para se posicionar diante de um tema.
Experimente propor a produção de podcast como ferramenta de aprendizagem e você vai se surpreender com os resultados.
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Paródias Musicais como Recurso de Aprendizagem
Você pode estar pensando que paródias são apenas para língua portuguesa, mas a verdade é que elas também funcionam muito bem para ensinar geografia. Veja por quê:
O uso de paródias no ensino de Geografia pode transformar aulas tradicionais em momentos de aprendizado divertidos. Essa ferramenta didática apresenta diversas vantagens, que contribuem para uma aprendizagem mais efetiva.
As paródias utilizam uma linguagem mais informal e próxima do cotidiano dos estudantes, facilitando a compreensão de conceitos complexos. A música possui um poder memorizador muito forte, e as paródias, ao explorarem melodias e ritmos conhecidos, auxiliam na fixação do conteúdo.
Ao criar suas próprias paródias, os alunos desenvolvem a capacidade de analisar o conteúdo, relacioná-lo com outras informações e expressar suas ideias de forma criativa. As paródias podem apresentar diferentes pontos de vista sobre um mesmo tema, estimulando o pensamento crítico e a análise de diferentes argumentos.
A produção de uma paródia envolve a divisão de tarefas entre os alunos, como a criação da letra, a escolha da melodia e a apresentação. Ao trabalhar em grupo, os alunos aprendem a cooperar, a respeitar diferentes opiniões e a construir conhecimentos de forma colaborativa.
A melodia e a letra da música criam uma associação mental com o conteúdo, facilitando a memorização. A repetição da paródia em diferentes momentos da aula reforça o aprendizado e contribui para a fixação do conteúdo. Além de promover articulação com outras áreas do conhecimento.
Definitivamente o uso de paródias no ensino de geografia é uma possibilidade para tornar as aulas mais atrativas, significativas e memoráveis.
Ao estimular a criatividade, a colaboração e o pensamento crítico, as paródias contribuem para uma aprendizagem mais profunda e duradoura. Veja o que eu encontrei no YouTube.
Sala de Aula Invertida no Ensino de Geografia
Agora, imagine que você pode transformar completamente a dinâmica das suas aulas ao dar mais autonomia aos alunos. A metodologia da sala de aula invertida é perfeita para isso!
O conceito da sala de aula invertida surgiu inicialmente com Baker, durante a 11ª Conferência sobre Aprendizagem no Ensino Superior, realizada na Flórida em 2000.
Na ocasião, ele sugeriu a utilização de ferramentas digitais de gerenciamento de aprendizagem para ampliar o acesso ao conteúdo educacional por meio da internet (BOLLELA E CESARETTI, 2017).
Funciona assim: os estudantes têm acesso ao conteúdo em casa, seja por meio de vídeos, textos ou podcasts, e, no encontro presencial, o tempo é usado para atividades práticas e interativas.
Vou te dar um exemplo prático que já apliquei com meus alunos. Trabalhando o tema "aquecimento global", pedi que eles assistissem um documentário, e muito bom por sinal, clique aqui se você quer saber qual foi o vídeo que eu usei.
Na aula seguinte, eu dividi os estudantes em grupos. Cada grupo ficou responsável por criar e apresentar um seminário com base no documentário assistido. Essa metodologia ativa de ensino "forçou" a capacidade de retenção de conteúdo, bem como a comunicação através da apresentação do seminário.
Você pode usar esse formato para qualquer habilidade que esteja trabalhando. É interessante "desmembrar" o tema em grupos, para que as apresentações não se repitam, assim um grupo vai acabar "dando aula" para a turma criando um ambiente de trabalho colaborativo. Essa é a grande sacada da sala de aula invertida, o aluno está no comando de seu aprendizado.
Conclusão
Acredito que inovar no ensino de Geografia não é apenas possível, mas necessário para criar um ambiente de aprendizado mais significativo e colaborativo. Ao experimentar essas metodologias, eu mesma vi meus alunos se tornarem mais interessados.
Agora, é sua vez de colocar essas ideias em prática e perceber a diferença na sala de aula. Depois que você aplicar algumas delas, volte aqui e deixe seu depoimento nos comentários.
Se esse texto fez sentido para você, compartilhe com outros colegas professores!
Gratidão!
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Professora Camila Teles